
Reforçar o Portfólio em Tempos de Incerteza
Estamos no final de setembro, ainda a recuperar das quedas no mercado que começaram em agosto e persistiram até o final do mês. Com as eleições americanas em outubro e as reuniões do FED, nas quais o Sr. Jerome Powell anunciou cortes nas taxas de juros, as condições foram estabelecidas para uma alta incerteza e volatilidade, como demonstrou o índice VIX. Aproveitei esse cenário para reforçar meu portfólio em tempos de incerteza, fazendo algumas compras estratégicas e ajustando minha carteira para os próximos meses e anos.
McDonald's
Vendi minha pequena posição na McDonald’s, adquirida no ano passado durante uma queda. Embora continue a ser uma excelente empresa com uma vantagem competitiva sólida, decidi vender pela pouca margem que esse tipo de negócio oferece em termos de faturação, lucro e fluxo de caixa livre. A longo prazo, esses fatores acabarão por impactar o preço das ações.
Menos Dívida e Maiores Margens
A questão das margens sempre foi um ponto de debate para mim. Dependendo do setor em que uma empresa opera, suas rentabilidades e margens variam significativamente (restauração, e-commerce, luxo, automotivo, financeiro, saúde, etc.). Decidi então reforçar meu portfólio em tempos de incerteza focando em empresas com margens robustas, o que trará retornos mais sólidos no longo prazo.
Além do setor, o mais importante é a empresa em si, que deve ser líder no seu segmento — e a McDonald’s certamente é. No entanto, prefiro alocar meu capital em empresas com menos dívida sendo que as margens de faturação, lucro e fluxo de caixa livre são mais robustas, na casa dos dois dígitos, pois isso impulsionará o preço das ações no longo prazo.
Meituan e Bank of China
Vendi também a pequena posição que tinha na Meituan, pois não tenho interesse em ser acionista da empresa no futuro, e nunca fiz uma análise aprofundada sobre ela. Essa posição foi recebida como dividendo da Tencent no ano passado, e como precisava de capital para reforçar outras posições, vendi.
Já a posição que tinha no Bank of China foi vendida pelo mesmo motivo. Inicialmente, entrei na empresa com o objetivo de receber dividendos, mas a minha estratégia em relação aos dividendos mudou completamente. Agora, prefiro empresas mais sólidas e previsíveis; se pagarem dividendos, será apenas um bónus.
Fundos Imobiliários ou REITs (Real Estate Investment Trust)
Foi aqui que fiz as maiores mudanças, e por isso quis deixar registado. Decidi vender três dos quatro REITs que possuía, assumindo uma perda de cerca de 70% no MPW (Medical Properties Trust). A alta exposição da empresa a apenas dois inquilinos, problemas nos pagamentos de aluguéis, empréstimos aos inquilinos e má gestão foram algumas das razões para essa venda. Financeiramente, a empresa estava com dificuldades, principalmente devido à alta dívida. Entrei nela pelos altos dividendos, acreditando que seus vários hospitais ao redor do mundo a protegeriam de quaisquer adversidades. Que ingenuidade.
Já os outros dois REITs, W.P. Carey e VICI Properties, consegui vender com pouco lucro, considerando os dividendos recebidos. Aproveitei a subida nos preços das ações para reduzir minha exposição ao setor imobiliário, mantendo apenas o Realty Income no portfólio. Isto faz sentido para mim, pois também tenho crédito habitação, o que considero um investimento imobiliário. Daí a venda desses três REITs.
Com estas vendas, finalizei os “ajustes” no portfólio e, por agora, vou deixá-lo “rolar”. O meu objetivo com estas movimentações foi reduzir o número de empresas no portfólio, diminuir a exposição a áreas muito voláteis, como o setor imobiliário, e aumentar a exposição a empresas americanas.
Reforços e a Nova Aquisição
Após refletir sobre dividendos e empresas cíclicas (nunca persigas empresas com altos dividendos, como eu fiz), e perceber que estava excessivamente exposto a empresas chinesas, decidi aproveitar as quedas nos preços das ações americanas. Com os lucros e perdas das vendas, reforcei as minhas posições em Google, Salesforce e no meu ETF de semicondutores.
Consegui abrir posição na Visa, uma excelente empresa no setor financeiro e de pagamentos eletrônicos, que mantém um duopólio com a MasterCard. Ambas as empresas possuem margens de lucro altas, grande liquidez e uma vantagem competitiva imensa e difícil de replicar. Recentemente, a Visa enfrentou um processo judicial por acusação de monopólio, o que é algo comum para grandes empresas (eheheh). Deixo abaixo um vídeo de um youtuber que sigo, falando sobre a Visa.
A Nova Beldade
Aproveitei também para abrir posição na LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE, dona de marcas de luxo como malas, vinhos, relógios, perfumes e cosméticos. Dispensa apresentações. O preço da ação caiu cerca de 30% este ano, e aproveitei para realocar o dinheiro das vendas nessa empresa, mais uma vez, devido às suas altas margens e previsibilidade superior a qualquer uma das empresas que vendi.
O meu principal objetivo ao investir na Bolsa é pagar o meu crédito habitação e também poupar para a reforma. Atualmente, alcancei cerca de 20% desse objetivo. Ainda há um longo caminho, mas quero deixar registrado para que um dia eu possa revisitar esta jornada e, quem sabe, inspirar outros.
As Empresas Chinesas e a China
Nos últimos dias, observei um aumento significativo na valorização do meu portfólio, especialmente em empresas com grande exposição à China ou que têm negócios no país. As notícias indicam que o governo chinês injetou, ou está prestes a injetar, uma grande quantia de dinheiro nos bancos chineses, e também vai implementar medidas para ajudar ainda mais a economia. Além disso, algumas empresas, como a Alibaba e a JD.com, têm aproveitado para recomprar ainda mais ações (buybacks). Resumindo, até o momento, desde o início do ano, meu portfólio já apresenta uma valorização de cerca de 20%, muito graças a esses acontecimentos.
Conclusões
As maiores posições do meu portfólio, em termos de rentabilidade, são Meta Platforms, Amazon, Microsoft e Alphabet. Por outro lado, as que mais desvalorizaram até agora foram, em ordem, Estée Lauder, JD.com, Ping An e Disney.
Abaixo, podes ver a rentabilidade do portfólio até o momento, assim como as empresas em que estou investido. Estou a aguardar o momento certo para reforçar as minhas posições em Visa, LVMH, Microsoft, Adobe, United Health, Salesforce ou Elevance. No entanto, não pretendo reforçar nenhuma empresa chinesa por enquanto. Prefiro “assistir de camarote” enquanto a valorização segue aumentando. Só depois de consolidar o portfólio com as empresas americanas, pretendo finalizar as posições nas chinesas, embora já tenha 90% do que desejo em empresas da China.
Comparando com Junho, tal como escrevi aqui, podes ver a evolução da rentabilidade e o efeito que tem uma exposição mais acentuada a um certo mercado.


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